quinta-feira, 17 de agosto de 2006

«BELENENSES SEMPRE»: O FINAL

Conforme há muito estava determinado, ao perfazer um ano, chega ao fim este espaço. Julgamos que se escreveu com bastante quantidade e qualidade sobre o presente, o passado e o futuro do BELENENSES – milhares de páginas originais (quase dois milhões de caracteres), além de mais de mil imagens e o filme “BELÉM ATÉ MORRER” (no topo da coluna da esquerda, na página), esboço de algo muito maior e melhor. Infelizmente, os factos deram-nos razão muitas vezes, demasiadas vezes. Oxalá tal não tivesse acontecido. Seja como for, cumpriu-se o que havia a cumprir.


Saímos, assim, definitivamente, de um meio onde (lamentavelmente) o verdadeiro amor pelo BELENENSES e a inteligência para distinguir, escasseiam muito; e onde abunda a vulgaridade, a sacanice, o desrespeito (até, e sobretudo, pelo Clube), a invejazinha, a baixeza mais vil e, acima de tudo, muita vaidade: uma vaidade parva e balofa. Como dizia George Bernard Shaw: "Never wrestle with a pig. You get dirty and besides the pig likes it". É por isso que a essa gente serve um BELENENSES pequenininho (para nele se destacarem e fingirem grandes), é por isso que não os aflige a sangria de sócios e assistências, é por isso que destilam fel ao ver o seu reino de mediocridade posto em causa, é por isso que cantavam felizes da vida enquanto o BELENENSES agonizava e caminhava para o abismo - da despromoção e não só – e se insultavam os que, angustiados, tentavam alertar. Infelizmente, há também quem tenha a memória curta. Por isso, já nem se reage aos maiores vexames e aplaudem-se os obreiros das nossas desgraças.


A muitos desses, agradecemos que nos esqueçam, porque também alguns de nós os preferimos esquecer, até os podemos voltar a olhar imaginando, querendo acreditar, que são belenenses dignos.


Ressalvamos e saudamos as devidas, embora relativamente raras, excepções: os verdadeiros amigos e, sobretudo - porque estamos num clube de futebol e não num clube de chá das cinco –, os que verdadeiramente amam o BELENENSES, os que verdadeiramente têm capacidade para ver e fazer, os que têm coragem, os que são dignos e coerentes (mesmo que pensem diferentemente de nós), os que não confundem alma e lama, apesar de as duas palavras se escreverem com as mesmas letras. E agradecemos os comentários de incentivo, nomeadamente os muitos que foram enviados por e-mail, tal como agradecemos as cerca de 200 mil visitas registas durante um ano.


Não obstante o que dissemos acima, há outro BELENENSES, com maior vínculo clubístico e com maior valor e autenticidade, que não se conforma nem se compraz com a decadência. Há um BELENENSES para além das “estrelas” da blogosfera (estranho nome).


Há um BELENENSES de gente que põe acima das suas pequenas pessoas o bem e a dignidade do Clube. Nele e por ele, a luta nunca cessará. Pelo contrário, haverá de ser muito mais forte e eficaz. Os meios é que podem não ser estes. E há muitos outros, muitos mesmo!

Na lama, nunca mais; pela Alma do BELENENSES, SEMPRE!

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Será que ainda há Homens de Honra e Palavra?

Deliberação tomada em reunião de Direcção do Clube de Futebol “Os Belenenses” em 29 de Maio de 2006 e publicada no Site Oficial em 30 de Maio:

"Na sequência da reunião da Direcção do dia 29.05.2006, a Direcção do Clube de Futebol «Os Belenenses» emitiu o seguinte comunicado:

COMUNICADO:

Reunião de Direcção de 29.05.2006.

Tomou a Direcção do clube defutebol osbelenenses conhecimento do parecer emitido pelo Senhor Presidente da Assembleia Geral relativo à convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária, promovida por um grupo de sócios.

Esta Direcção nunca se esquivou a prestar esclarecimentos e defender as suas propostas junto dos sócios em Assembleia Geral no momento que entende mais oportuno para os superiores interesses do Clube, pelo que decidiu solicitar ao Senhor Presidente da Assembleia Geral a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária a realizar em data a anunciar oportunamente.

A Direcção deliberou proceder através dos meios disponíveis, nomeadamente o Site Oficial, à divulgação a curto prazo do Plano de Acção Imediato, que permitirá aos associados identificarem-se com a estratégia delineada e em alguns pontos já em execução.


A Direcção do clube defutebol osbelenenses
Estádio do Restelo, 29 de Maio de 2006"

JÁ SE PASSARAM 79 DIAS!!!

Neste dia, em . . .

1975 – Belenenses vence Torneio de Santander

O Torneio de Santander, disputado no El Sardinero, estádio do Racing de Santander, é um prestigiado torneio de Verão disputado desde 1971. A sua designação oficial começou por ser Torneio «Príncipe de España», passando no ano seguinte a Torneio «Princípe Felipe». Neste ano de 1975, em que o Belenenses venceu o Torneio, este regressou à sua primeira designação oficial.

O troféu que premeia o vencedor é de uma beleza invulgar, o que o torna ainda mais apetecível.

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Convidados para a edição de 1975, além do Belenenses, estavam presentes os húngaros do Honved e, o clube local, o Racing de Santander.

Quanto ao primeiro, fundado em Budapeste, em 1909, com o nome de Kipesti AC, viu o seu nome mudado para Honved (em húngaro: exército) em 1949, passando a ser o clube do Exército Vermelho. Seria sob essa designação que se tornaria famoso mundialmente na década de 50, quando nele brilhavam nomes como os de Czibor, Kocsis (imortalizados no Barcelona e na selecção húngara) e Puskas (na selecção e no Real Madrid).

O Honved e a selecção húngara não recuperariam tão cedo quando, em 1956, a revolução húngara contra a ocupação soviética ocorreu. Assim mesmo, o palmarés do Honved é rico, com 13 campeonatos conquistados (em 1950, 1951, 1952, 1954, 1955, 1980, 1984, 1985, 1986, 1988, 1989, 1991 e 1993) e cinco Taças da Hungria (em 1926, 1964, 1985, 1989 e 1996).

Já o Racing de Santander não tem um palmarés semelhante ou sequer ao nível dos seus opositores de 1975. Sem troféus de monta conquistados em Espanha, o Racing oscilou durante muitos anos entre o primeiro e o segundo escalões do futebol espanhol. Porém, nesta época de 1975/76, e regressado ao principal escalão, faria uma das suas melhores temporadas classificando-se tranquilamente na 12ª posição (em 18 equipas).

Por sua vez, o Belenenses terminara o campeonato nacional (de 1974/75) na sexta posição. À época, e apesar de todas as dificuldades, não deixava de ser forte desilusão. Na Taça seria semi-finalista baqueando apenas no estádio do Benfica (campeão nessa época) e pela diferença mínima (1-2).

Era um Belenenses ambicioso que se apresentava para a época de 1975/76. A prová-lo, havia já a conquista da Taça Intertoto (Série IX), em 2 de Agosto, precisamente duas semanas antes da conquista deste novo troféu.

No Belenenses pontificavam nomes como Quaresma, Godinho, Gonzalez, Freitas, Pietra, Sambinha, Alfredo, Ernesto, João Cardoso, Melo, Isidro, etc. Apesar da saída de Quinito, no final da época de 1974/75, o Belenenses reforçara o ataque com Vasques que se viria a revelar um bom reforço.

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O torneio decorreu em três dias consecutivos. O Belenenses começou por empatar com a equipa da casa a uma bola, mas venceria o Honved por 4-2, o que, face à vitória deste último sobre o Racing de Santander no último dia do torneio (por 3-1), deu a vitória final.

Foi com natural e sentida satisfação que o Belenenses conquistou este torneio e mais um belíssimo troféu para o seu já enorme pecúlio que conta com mais de 10.000 troféus, patentes na Sala de Troféus, no Estádio do Restelo.

Esta época de 1975/76 continuaria a correr bem, apesar das já bem latentes dificuldades financeiras. Com a continuação de Peres Bandeira no comando técnico, o Belenenses regressaria ao podium, conquistando a terceira posição do Campeonato. A mais repetida de sempre, nunca é demais dizê-lo.



1978 – Empate 1-1 em Bilbau com Atlético local

Não vivendo já os seus tempos áureos, o Belenenses continuava a desfrutar de bastante prestígio, mesmo fora de Portugal.

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Assim, neste Verão de 1978, foi convidado para participar num torneio organizado pelo Atlético de Bilbau e em que participaram também, nesse mesmo ano, clubes tão prestigiados como o PSV ou o Fluminense.

A época anterior tinha-nos deixado num quinto lugar com sabor agridoce. Na verdade, a equipa, treinada por António Medeiros, lograra resultados razoáveis, apesar da saída de jogadores muito prestigiados e com bastantes anos de clube (casos máximo de Vitor Godinho e Alfredo Quaresma, dispensados por Medeiros, e de Gonzalez e Melo, que saíram para o Porto e o Sporting, respectivamente) e da entrada de jogadores menos experientes; e, nesse aspecto, havia motivos para alguma satisfação.

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A defesa, então a terceira melhor do Campeonato, com somente 21 golos sofridos em 30 jogos, estivera muito bem. No entanto, por outro lado, o Belenenses de então ainda achava relativamente decepcionante um quinto lugar, mais a mais quando tal classificação – caso algo raro – nem sequer deu acesso às competições europeias, e, sobretudo, quando tínhamos andado uma boa parte do Campeonato em terceiro – quarto lugar e, no início da segunda volta, chegámos mesmo a “ameaçar” entrar na luta pelo título... (O plantel da equipa dessa época de 1977/78, mais os resultados da primeira volta, reproduzem-se a partir de Suplemento do jornal a Bola do Verão de 1977. Incrível, nós guardamos carinhosamente essas e outras coisas mais antigas, numa dedicação de décadas e décadas... e, no entanto, temos que levar com “gente” – alguma da qual nem então era nascida e que passou a última época a gozar enquanto nós desesperávamos – a insinuar que talvez quiséssemos o Belenenses na Segunda Divisão. Como podemos sentir outra coisa que não seja um nojo absoluto?).

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De forma que, para a época de 1978/79, havia uma grande expectativa.

Este resultado em Bilbau, no seu mítico Estádio de San Mamés, parecia dar razão às projecções mais optimistas. Não é qualquer equipa que vai empatar a Bilbau, um dos mais fortes e prestigiados clubes de Espanha.

Note-se que contam, no seu palmarés, com 8 Campeonatos e 24 (sim, 24!) Taças de Espanha e, ainda, uma Supertaça. Em Campeonatos, são o quarto clube espanhol, a seguir ao Real Madrid (29), ao Barcelona (16) e ao Atlético de Madrid (9). Em Taças, repartem o primeiro lugar com o Barcelona.

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A nível europeu, a equipa basca foi finalista da Taça UEFA em 1977. Na altura, a final desta prova era a duas mãos. O adversário foi a Juventus. Em Turim, os italianos ganharam por 1-0; em Bilbau, o Athletic venceu por 2-1. Só pela regra de desempate pelo golo fora é que os bascos perderam o troféu para a Juventus. Tal ocorreu um ano antes do jogo com o Belenenses a que nos referimos, o que é mais um motivo para valorizar o resultado obtido pela nossa equipa.

Nela, pontificavam então jogadores como Vasques, Esmoriz, Cepeda, Sambinha, Isidro, Lincoln, Luís Horta, Alhinho e Eurico.

O campeonato desse ano, porém, veio a acabar com um decepcionante oitavo lugar. Note-se, contudo, que esta classificação é algo enganadora. O Belenenses lutou até muito próximo do final pelo quarto lugar, mais uma vez o último a dar acesso à Taça UEFA. E, aliás, ao adversário que ficou em quarto lugar, e com quem estivemos par a par grande parte do Campeonato, o Sporting de Braga, goleámos por 7-1 no Restelo. Tivemos, de resto, o quarto melhor ataque, à frente até do Sporting. Só nas últimas jornadas decaímos, o que levou à demissão do treinador. Na época seguinte, o comando técnico foi entregue a Juca, obtendo-se novo quinto lugar.

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Seja como for, não havia bloguistas – ou outros sócios – a rejubilar. Era outro Belenenses, de facto...

terça-feira, 15 de agosto de 2006

Alice neste País das Maravilhas ou a Louca Inconsistência da Rainha de Copas

Artigo de opinião de Vítor Gomes, publicado em simultâneo com o Blog CFBelenenses:

Para falar verdade já não me lembro se a malvada rainha do conto de Lewis Carroll era de copas, de espadas ou de outro qualquer naipe. Mas que a conduta desta rainha e de todo o elenco da história era de loucos, era sem dúvida.

Esta recordação da juventude de todos nós, independentemente do factor idade de cada um, pertence a uma fase da descoberta do elogio à loucura colectiva em que navega o nosso mundo.

Não acabei de descobrir o ovo de galinha que nasceu do ovo. Este tema já foi dissecado até uma cansativa exaustão, na sua poesia, no seu ensinamento, mas o que é facto é que ainda vive na nossa memória e, de vez em quando, é apropriadamente bem-vindo quando descobrimos que temos a triste honra de viver numa terra do faz de conta.

É evidente que a minha rainha de copas é a LPFP e simultaneamente a FPF. Ainda não compreendi porque é necessária a primeira, mas isso pertence a outro tema que não pretendo abordar. Talvez os jornais de finanças e negócios tenham explicações, mas isso agora não me interessa como acabei de dizer.

Do que eu não tenho dúvidas é que neste caso de loucura a que se deu o nome Mateus, o nosso Lewis C. teria certamente uns extras a acrescentar à palhaçada desconcertada (ou não) que benevolamente chamarei apenas farsa.

Os créditos negativos estão todos no sistema. E esse sistema, tal Chapeleiro Louco, quer por força ignorar o que está escrito na Lei, interpretar a seu belo prazer na fórmula que lhe convém um fim favorável. Ora aqui entra em cena o conjunto de personagens que nos fazem rir: a Lebre, o Rato do campo, o Coelho Branco e o Gato que ri. E também outros que não entram naquela história mas fazem parte desta e a que chamarei os Compadres.

Há normas e fórmulas a cumprir sob a capa honesta da legalidade e isso deveria ser efectuado em tempo útil. Há acima de tudo aquela honestidade a perseverar e a honrar, doa a quem doer. A Rainha de Copas déspota e caricata não liga a isso, aponta para aquela senhora de olhos vendados e de balança na mão e autoritariamente berra: cortem-lhe a cabeça!

E tudo isto ante a passividade sonolenta e pastosa daqueles que deveriam demonstrar que estão vivos e vivos para resolver os problemas que devem resolver.

As agruras da Alice já duram há tempos que não lembrariam a ninguém persistirem. Nem o Coelho Branco que andava sempre a correr, nem o Gato Sorridente, ficariam bem nesta história que é mais louca que a deles. Certamente que o Lewis Carroll teria muito pudor em colocar as suas grotescas personagens em tal grotesca história. Ainda que ela seja real e se passe nos dias de hoje neste país do faz de conta.

PS : Como Belenenses não posso deixar de salientar o desprezo manifestado pelos clubes da nossa região por este caso em que devíamos ser apoiados pelo menos moralmente. Já recebemos simpatia da Académica e até de Guimarães mas dos nossos “queridos”estarolas de Lisboa, nem um pio, nem um pequeno apoio dos seus adeptos. Claro que têm o direito de se manter à margem, mas se fossem eles que de nós precisassem não haveria margens. Que os leve o diabo e que o Céu lhes caia em cima da cabeça.

Carta ao Zé da Praia *

* – Texto publicado originalmente no Boletim Mensal «Os Belenenses» de Maio de 1946. Do arquivo de Pedro Patrão.


Do ilustre escritor teatral e nosso consócio Capitão Almeida Amaral recebemos a carta que publicamos abaixo, dirigida a um nosso consócio já um pouco avançado na idade mas que recorda com saudade a sua origem: a praia.

Leiam, pois, com muita atenção, tanta como a que o Zé há-de ter ao recordar os velhos tempos em que depreciativamente o tratavam a ele e aos seus camaradas de clube, de rapazes da praia.

Bons tempos . . .



Meu caro Zé da Praia


Sei que estás doente e venho trazer-te duas palavras de conforto. Não vale nada mas sabem bem...

Muito tens tu sofrido, meu velho! ... Quem se admira que tu estejas doente? ... Só se forem aqueles que não te conhecem e não te compreendem. Aqueles que não sabem o que tens trabalhado para enfim chegares a ser legalmente (porque o resto...) o número um de Portugal, nestas andanças da bola... Aqueles que são também doentes por «outrém»... Aqueles que não sabem que o azar é mais difícil de vencer que os desafios...

Só esses meu velho Zé da Praia, é que não admiram a tua doença magnífica...

Parece de mau gosto escrever a um doente para confortá-lo e apelidar de magnífica a doença... Mas é assim mesmo, Zé da Praia, e que cada vez sejas mais doente é o que de todo o coração te desejo...

Se tu não fosses doente nada tinhas conseguido... São os teus gritos de sofrimento, os teus esgares de dôr, a febre alta que manténs, o desassossego que manifestas que te levaram a campeão...

Se tu fosses são como um pero, equilibrado, sem reacções, calado, de temperatura normal, estavas desgraçado da vida...

Mantem-te doente, cada vez mais doente e nunca morrerás...

Eu assisti à leitura da tua análise de sangue depois do desafio com o Benfica que decidiu o campeonato.

Lembras-te? Foste conduzido ao hospital quase sem dares acordo de ti, exausto, pálido, doentíssimo...

Não te esqueceu ainda decerto o que dizia o papelinho do analista que transcrevo abaixo:

Análise de sangue do Zé da Praia

Qualidade – Belenenses – fortemente positivo
Côr – Azul
+ + + + + (Cinco cruzes... de Cristo)
Glóbulos vermelhos – nada

Ora depois desta lindíssima análise diz-me lá, meu velho Zé da Praia, se não vale a pena ser doente...

Esperando que a tua febre aumente, que o teu sofrimento seja cada vez mais insuportável com vista à taça... de remédio que ainda tens de tomar, sou teu admirador e grande amigo.


Almeida Amaral


Post-Scriptum: Imaginar o resultado actual das análises ao sangue do «Zé da Praia» seria algo de assustador...

segunda-feira, 14 de agosto de 2006

A Ultrapassagem

Não entraremos na discussão vazia sobre se há «grandes» e se sim quais e quantos são. As interpretações devem basear-se em números, estatísticas. Para isso servimo-nos das únicas que são válidas. O Campeonato dos Campeonatos.

Nas duas tabelas seguintes são visíveis dois momentos cruciais no que respeita à discussão do terceiro posto no «Campeonato dos Campeonatos».

No final do campeonato de 1951/52, o F.C. Porto aproximou-se fatalmente do Belenenses no ranking geral. A distância cifrava-se em dois pontos, muito por força do péssimo, terrível, inesperado e inaceitável 9º lugar obtido no campeonato de 1950/51. Era a distância mínima registada desde sempre.

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Seguiram-se algumas épocas de alternância. Mas no final da época de 1955/56 o F.C. Porto igualava o Belenenses no Campeonato dos Campeonatos. A partir desse momento não mais o Belenenses voltaria a ser o terceiro nesta lista.

O Belenenses entraria em breve na terrível década de 60 que o afastaria da discussão sistemática dos lugares cimeiros, a braços com as despesas do Novo Estádio. O Belenenses, tal como o mundo o conhecera até então começava a morrer, envenenado pelos poderes instituídos, dos senhores que viam no Belenenses um perigo à hegemonia dos seus, dilectos, dois clubes lisboetas.

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Mesmo actualmente é possível verificar a enorme distância existente entre o quarto classificado do Campeonato dos Campeonatos e os que o seguem mais de perto. Apesar dos últimos quinze anos terem sido o que sabemos note-se a diferença em todos os aspectos da estatística.

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Se é verdade que o fosso entre os três primeiros e o quarto aumentou consideravelmente, a verdade é que o quinto ainda vem a mais duzentos pontos. E não é o Boavista...

Depois disto, bem se vê, é estéril discutir a questão do «quarto grande».

sábado, 12 de agosto de 2006

Hoje como Antigamente: Angariação de Sócios em 1955

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Se nos disseram que o Montepio Geral ia abandonar o Futebol, porque é que continua a patrocinar o Boavista FC?

Ou será que "apenas" abandonou o Belenenses, e não o Futebol?

E porquê?

E porque não nos dizem a verdade?

sexta-feira, 11 de agosto de 2006

Neste dia, em . . .

1906 – Nasce Pascoal Rodrigues (Presidente à data da inauguração do Estádio do Restelo)

O Major Amândio Manuel Pascoal Rodrigues é mais um dos grandes dirigentes históricos do Belenenses.

Foi Presidente da Direcção nos anos de 1955 e 1956. Anteriormente, entre 1952 e 1954, tinha sido Vice-Presidente da Direcção (na altura, só havia um Vice-Presidente, o que conferia grande importância ao cargo), quando o Presidente era Francisco Mega.

Nos dois anos da sua Presidência, tiveram lugar factos de grande importância e momentos de grande emotividade na vida do Belenenses.

Foi assim com a perda do Campeonato de 1954/55, a quatro minutos do fim; com a conclusão das obras do Estádio do Restelo e sua inauguração em 1956, e consequente abandono das Salésias.

Entretanto, além desses acontecimentos extraordinariamente marcantes para a vida do clube, há a assinalar, nos anos de 1955 e 1956 - aqueles em que presidiu à Direcção -, os outros seguintes factos relevantes para o Belenenses:

1955
Segundo lugar no Campeonato Nacional de Futebol (título perdido a quatro minutos do fim). Matateu é o melhor marcador no Campeonato Nacional de Futebol. Participação na Taça Latina com Milão e Real Madrid e Matateu a ser levado em ombros. Belenenses vence Vasco da Gama por 2-1. Vice-Campeão de Lisboa de Juniores, em Futebol. Festa de Homenagem a Serafim das Neves. Campeão de Portugal de Atletismo, em Equipas Femininas. Campeão de Lisboa de Atletismo, em Equipas Femininas. Georgete Duarte, Campeã Nacional de Salto em Comprimento pela oitava vez consecutiva. Campeão Nacional, em Basquetebol Feminino. Campeão de Lisboa em Basquetebol Feminino. Vice-Campeão de Lisboa, em Basquetebol Masculino. Campeão de Lisboa em Râguebi. Lotação das Salésias aumentada em 1.000 lugares para sócios “cativos” (capacidade: 22.000). O número de sócios sobe para cerca de 11.000.

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1956
Terceiro lugar no Campeonato Nacional de Futebol. Semifinalista da Taça de Portugal, em Futebol. Campeão Nacional de Futebol, em Reservas (Torneio Octogonal da FPF). Vitória 2-0 sobre Stade de Reims, nesse ano finalista da Taça dos Campeões Europeus, em Futebol (o que repetiria três anos depois). Campeão de Portugal em Râguebi. Campeão de Lisboa em Râguebi. Campeão de Lisboa em Basquetebol Feminino (segundo título consecutivo). Campeão Nacional de Atletismo em Equipas. Campeão de Lisboa de Atletismo em Equipas Femininas (12º título e 8º consecutivo). Francelina Moita obtém oitavo título nacional de Atletismo, em três provas diferentes. Rui Ramos, Campeão Nacional de Triplo Salto pela terceira vez consecutiva. Campeão de Lisboa de Badmington. Último jogo no Estádio das Salésias. Inauguração do Estádio do Restelo (vitória por 2-1 sobre o Sporting. No primeiro jogo oficial, triunfo por 5-1 sobre Vitória de Setúbal). Estandarte do Clube é condecorado com a “Medalha de Mérito Desportivo”. Número de troféus ultrapassa os 1.500. O clube tem 12 modalidades, 700 praticantes e 14.500 sócios (maior número de sócios até à data, e só ultrapassado em 1969).

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Entretanto, já antes de ser dirigente Amândio Pascoal Rodrigues prestara excelentes serviços e provas de dedicação ao clube. Assim, em 19 de Outubro de 1950, foi distinguido como Sócio Honorário.

Mais tarde, foi naturalmente distinguido como um de “Os que mais Serviram” na construção do Estádio do Restelo (num total de onze associados). Em 1965, recebeu ainda do Belenenses a medalha de “Bons Serviços e Valor Clubista” (que só foi atribuída esse ano), juntamente com Joaquim de Almeida, Rómulo Trindade, Francisco Soares da Cunha, Henrique Tenreiro, Sebastião Lucas da Fonseca (Matateu), Mariano Amaro e Francisco Vale Guimarães.



1984 – José Pinto é oitavo nos 50 Km Marcha dos Jogos Olímpicos de Los Angeles

José Pinto merece um lugar de relevo na história do Belenenses. Com efeito, os vários títulos e recordes nacionais que obteve, já justificariam, por si, um significativo destaque.

A sua notabilidade fica, entretanto, muito acrescida pelas inúmeras participações que teve em Campeonatos do Mundo (por exemplo, em 1987, foi 15º classificado), Campeonatos da Europa, Taças do Mundo e outras competições internacionais de grande relevo.

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Mas um lugar à parte decorre, naturalmente, de ter sido o único atleta do Belenenses (e dos pouco portugueses) a estar presente em três Jogos Olímpicos: os de 1984, 1988 e 1992.

A sua primeira participação foi a melhor: obteve um oitavo lugar nos 50 Km Marcha (com o tempo de 4h 04m 42s). Tal consubstancia também o melhor lugar obtido por um atleta nosso num Jogos Olímpicos. Vem, em seguida, o décimo lugar de Rui Ramos, em 1952, na prova de Triplo Salto.

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Para quando, enfim, uma medalha? Não seria essa a decorrência lógica do tão propalado ecletismo?



2004 – Belenenses vence Celta de Vigo, no Estádio do Restelo, por 1-0

Para o jogo de apresentação aos Sócios, na época 2004/05, o Belenenses convidou o Celta de Vigo. Um clube conceituado em Espanha mas que havia descido no final da desastrosa época de 2003/2004 à segunda divisão espanhola. No entanto mantinha boa parte dos jogadores mais importantes e constituía sério candidato ao imediato retorno ao primeiro escalão. Não deixava por isso de ser uma equipa de valor, aquela com que o Belenenses escolhera defrontar-se neste dia.

E foi um jogo típico de início de temporada a que pôde assistir o público presente. Alinhando inicialmente com Marco Aurélio; Amaral, Rolando, Pelé e Cristiano; Marco Paulo, Andersson, Juninho Petrolina e José Pedro; Antchouet e Rodolfo Lima, o Belenenses tomou cedo conta da partida e as oportunidades sucederam-se. No entanto apenas aos 24 minutos da primeira parte o Belenenses teria sucesso a visar a baliza galega produzindo o único golo da partida.

Com uma expulsão, aos 43 minutos da primeira parte por conduta violenta por parte de um jogador adversário, o jogo praticamente terminou. Sucederam-se inúmeras substituições que retiraram o pouco interesse que a partida ainda tinha, com o jogo a decorrer em sentido único – a baliza do clube espanhol.

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Nesta equipa do Celta de Vigo alinhava então Capucho, internacional português, que ao ser substituído retribuiu a grande saudação que lhe foi feita pelos espectadores presentes.

Alinharam ainda pelo Belenenses os jogadores Cabral, Tuck, Ruben Amorim, Brasília, Mangiarrati, Neca, Eliseu, Gonçalo Brandão e Pedro Alves.